Será que você está sonhando? Você achou que estava na costa oeste do País de Gales, mas parece – diante da fonte a sussurrar na piazza, a estátua viril de Hércules, a arquitetura clássica e o campanário em tons pastel – ter acabado de entrar na Itália. Está um pouco confuso, sensação intensificada pelo número desproporcional de pessoas usando pulôveres de gola olímpica e blazers com debrum branco. Que raio de lugar é esse? O que está acontecendo?
Para responder a essa pergunta, é preciso mergulhar nos pensamentos de Bertram Clough Williams-Ellis, o cérebro por detrás do surreal balneário de Portmeirion. Arquiteto apaixonado pela preservação, em 1925, Clough Williams-Ellis (1883-1978) comprou a área pendurada na península por menos de £5 mil (cerca de £210 mil hoje). Era um deserto abandonado – mas não ficou assim por muito tempo.
Combinando sua admiração pela Riviera italiana com a crença de que o desenvolvimento bem-planejado poderia melhorar em vez de destruir os arredores, ele criou algo único. O resultado dessa visão singular foi uma colagem maravilhosamente bizarra de arquitetura, fantasia palladiana e reciclagem inteligente: Clough Williams-Ellis resgatou prédios em demolição em outros lugares, chamando Portmeirion de “lar de edifícios derrubados’: Para completar o clima de conto de fadas, toda essa excentricidade está situada entre montanhas cobertas de florestas e o tranquilo estuário do rio Dwyryd. Mas e as pessoas de gola olímpica? Ah, sim, essa é outra esquisitice.
Na década de 1960, Portmeirion serviu de pano de fundo para a série televisiva de ficção científica/ suspense O prisioneiro, em que o ex-agente secreto Patrick McGoohan (ou “Número Seis”) era mantido na “Vila” por razões desconhecidas. Todos os outros detentos sofreram lavagem cerebral; o Número Seis era o único que queria escapar, mas suas tentativas eram frustradas por enormes balões brancos. Estranho? Sem dúvida. Mas perfeito para Portmeirion, onde nada é o que parece.
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